Características
O transporte aéreo é o menos utilizado para o transporte de cargas, apesar da rapidez do avião ser bem maior em relação aos outros modais.Veremos abaixo, algumas características em relação ao transporte aéreo:
- Vem apresentando uma demanda crescente no segmento de cargas com serviço regular, apesar de seu frete exceder o valor do rodoviário mais de três vezes e quatorze vezes o ferroviário.
- Os jatos comerciais têm velocidade de cruzeiro, entre 545 e 585 milhas por hora (aproximadamente 872 e 936 km), porém a velocidade média entre dois aeroportos é menor devido ao tempo de taxiamento e espera nos aeroportos, além de não incluir o tempo de coleta e entrega da carga, nem o tempo de manuseio no solo.
- Geralmente, necessita menos embalagem de proteção, desde que o trecho terrestre não exponha a carga a danos ou que o roubo no aeroporto não seja excessivo.
- Possui serviços regulares, contratuais e próprios, entre os quais são oferecidos os seguintes tipos:
- Linhas-tronco domésticas regulares (passageiros e cargas).
- Linhas exclusivamente cargueiras.
- Linhas locais (passageiros e cargas).
- Linhas suplementares – charters (operam como linhas-tronco, mas sem programação regular).
- Táxi aéreo (passageiros e cargas).
- Linhas de alimentação regional (operam como linhas locais em aviões menores).
- Linhas internacionais (passageiros e cargas).
Infraestrutura
Estruturas Aeroportuárias
O transporte aéreo utiliza-se de estruturas aeroportuárias que, segundo Keedi (2010), precisam estar adequadas às suas operações, isto é, estar aparelhadas para a carga e descarga das aeronaves. Nessa estrutura estão incluídos os terminais alfandegados para carga (TECA), para a guarda das cargas de importadores e exportadores.
Infraero
Os grandes aeroportos brasileiros, incluindo os terminais de carga, são administrados pela estatal Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – Infraero que, embora seja a minoria em relação à totalidade dos aeroportos do país, representam cerca de 97% da carga movimentada e transportada, segundo Keedi (2010).
De acordo com a Infraero (2012), a empresa administra 66 Aeroportos, 69 Grupamentos de Navegação Aérea, 51 Unidades Técnicas de Aeronavegação e possui em sua estrutura uma Rede de 34 Terminais de Logística de Carga – Rede Teca, espalhados por todo território nacional. Neles são prestados os serviços de armazenagem e capatazia (movimentação) da carga importada, a ser exportada, nacional (movimentada dentro do País) e expressa (courier), sendo que dos 34 Tecas da Rede, 30 operam com importação, 25 com exportação, 17 com Carga Nacional e 4 com courier.
Movimentação de Cargas no Brasil
Com base em registros da Infraero, observa-se que:
- O transporte de volumes por aeronaves pode ser dividido em duas categorias: mala postal e carga aérea. Mala postal se refere àqueles volumes transportados pelas companhias aéreas e serviço dos Correios e carga aérea a todos os demais volumes transportados por aeronaves em território nacional.
- A carga aérea subdivide-se em doméstica e internacional. Para a carga internacional, em razão da necessidade de armazenagem durante os procedimentos burocráticos de alfândega e de vistoria sanitária aos quais é submetida, exige-se a existência de uma instalação especial dedicada a esse propósito, designada como terminal de carga – para exportação ou importação. Nesse local a carga fica armazenada até o momento de despacho.
- A carga aérea, em geral, pode ser transportada de duas maneiras: em porões de aeronaves depassageiros ou em aeronaves dedicadas ao transporte de cargas (cargueiros).
- A maior parte da carga aérea internacional é transportada em cargueiros (aeronaves em geral de grande porte), que exigem infraestruturas aeroportuárias específicas para esse tipo de serviço por exemplo, pátio de aeronaves).
- Os principais aeroportos dessa carga do Brasil encontram-se no Estado de São Paulo, o de Viracopos e o de Guarulhos, que juntos representam aproximadamente 70% do volume de carga movimentada no país.
Agentes Intervenientes
Além do aeroporto e sua estrutura, Keedi (2010) destaca importantes figuras nas operações
com aviões:
- Empresa aérea:
- Possuem as aeronaves próprias ou não (nesse caso pode ser leasing ou afretadas).
- Efetuam o transporte de cargas, tanto em linhas regulares quanto por fretamento.
- Responde pela carga transportada desde o momento em que é recebida até sua entrega ao destinatário ou agente de carga aérea.
- Agente de carga
- É o intermediário entre o transportador e o embarcador ou consignatário, não é exclusivo de uma só empresa, mas sim é um prestador de serviços que trabalha com todas elas.
- Quando acionado pelo cliente executa trabalhos de cotação de frete, reserva de espaço, recebimento ou retirada da carga e entrega à companhia aérea ou o contrário.
- Cuida também das providências para emissão de documento de transporte.
ANAC
O transporte aéreo, como os demais transportes já estudados, possui entidades responsáveis
por seu funcionamento e controle. No Brasil, como autoridade nacional para a navegação aérea, o país conta com a Agência Nacional de Aviação Civil – Anac. Agindo em nome do governo brasileiro, esse órgão, de acordo com Keedi (2010), é o responsável pelas normas e controle da aviação, bem como pelos acordos internacionais com outros países para exploração do tráfego aéreo.
IATA
No campo internacional, as autoridades de controle da navegação aérea são a International Air Transport Association – IATA e a International Civil Aviation Organization – ICAO, segundo Keedi (2010):
- IATA
- Fundada em Havana, Cuba, em abril de 1945.
- Visa assegurar que as aeronaves operem de modo seguro, eficiente e com regras claras.
- Entidade de atuação mundial que tem as empresas aéreas que realizam transporte internacional como filiadas, com mais de 240 filiadas (94% desse tráfego).
- Embora obrigatória, a filiação total e global não ocorre (percentual de participação menor que 100%).
- Embora exista a livre concorrência entre as empresas, a IATA fixa fretes máximos que não podem ser excedidos pelos seus membros.
- ICAO
- Criada na convenção de Chicago, em dezembro de 1944, tornou-se uma agência especializada das Nações Unidas em outubro de 1947.
- Organização voltada à segurança da aviação civil internacional, bem como à proteção do meio ambiente.
- Tem como membros os países e não as empresas (190 participantes).
Companhias aéreas
O transporte aéreo cresceu com rapidez nas últimas três décadas, principalmente em virtude
das entregas em tempo determinado, criado pela FedEx em 1981, que foi adotado por quase todas as companhias aéreas de cargas comerciais. No Brasil, segundo um estudo da feito pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), mesmo com a facilidade que o setor aéreo representa para o transporte em um país com a dimensão territorial, a logística de cargas por avião ainda é pouco aproveitada. Menos de 20% da capacidade para transportes de cargas nas aeronaves é utilizado.
Vantagens e Desvantagens
O transporte aéreo é pouco utilizado para transportar cargas. As vantagens e as desvantagens desse modal, segundo Rodrigues (2010) são as seguintes:
Vantagens
- Rede diversificada de aeroportos no entorno das grandes metrópoles, o que nem sempre ocorre com o modal marítimo.
- Velocidade, eficiência e confiabilidade.
- Competitividade: a frequência dos voos permite altos giros de estoque.
- Movimentação altamente mecanizada, reduzindo o índice de avarias.
- Atinge regiões inacessíveis para outros modais.
Desvantagens
- Menor capacidade em peso e volume de cargas.
- Não atende aos granéis.
- Custo de capital e fretes elevados.
- Fortes restrições às cargas perigosas.
Tipos de Cargas
- Cargas valiosas/segurança: devido aos custos muito elevados, o modal aéreo é o indicado nos casos em que a velocidade da entrega ou a segurança das cargas é o ponto mais importante a ser considerado, segundo Rodrigues (2010).
- Cargas perecíveis/específicas: Rodrigues (2010) também acrescenta que o transporte aéreo atende a gêneros alimentícios e outras cargas perecíveis, como animais e plantas vivos, incluindo as cargas específicas, como equipamentos eletrônicos, ourivesaria, joias e artigos de moda.
- Cargas de courier ou expressas: o transporte aéreo é o apropriado para mercadorias que não podem perder tempo e que precisam de um transit time privilegiado, segundo Keedi (2010), como as amostras, as mercadorias de alto valor, frágeis e que precisam de cuidados especiais, com prazos de validade curtos e também como as cargas de courier ou expressas, que são aquelas transportadas em caixas pequenas e com pouco peso.
- Cargas perigosas: para o transporte aéreo de mercadorias consideradas perigosas, Keedi (2010) destaca:
- As regras para o transporte aéreo de mercadorias perigosas são baseadas nas recomendações das Nações Unidas transmitidas pela IATA, pela Dangerous Goods Regulations – DRG e pela Technical Instructions for the Safe Carriage of Dangerous Goods – ICAO.
- Mercadorias perigosas devem ser tratadas e manipuladas adequadamente, com embalagens especiais, sempre dependentes do grau de risco apresentado.
- Precisam de etiquetas de identificação, de acordo com as normas internacionais e da homologação dadas pelo Centro Tecnológico da Aeronáutica – CTA.
- Em aviões, algumas mercadorias são consideradas muito perigosas para serem transportadas, sendo proibido seu transporte em qualquer tipo de aeronave.
- Algumas mercadorias, em razão da sua alta periculosidade, poderão ser embarcadas apenas em cargueiros, sendo que outras podem ser transportadas em aviões mistos (combi).
- Deve ser considerada uma quantidade máxima por embalagem, bem como a compatibilidadades mercadorias a serem transportadas, de modo que não coloquem o voo e as pessoas em risco.
Tipos de Aeronaves
Os principais tipos de aeronaves cargueiras, de acordo com Rodrigues (2010), são:
- All Cargo – Full Cargo: aeronaves exclusivamente destinadas ao transporte de cargas.
- Combi: aeronaves utilizadas tanto para cargas quanto para passageiros, sendo que a carga é transportada nos conveses inferiores da aeronave.
- Full Pax: aeronaves nas quais o espaço reservado para carga é unicamente o último convés inferior.
Para o transporte de carga, depende do tipo, tamanho, configuração e utilização da aeronave, o espaço para carga pode variar de poucas centenas de quilos até 100 toneladas, no Being 747 cargueiro, segundo Keedi (2010). Conforme o autor, também existem aviões especiais que possuem grande disponibilidade de espaço e peso, como é o caso dos Antonov AN124-100 e AN225-MRIYA, para até 140 e 250 toneladas, respectivamente e que estão disponíveis para fretamento.
Unitização no aéreo
Normalmente, no transporte aéreo, a carga é transportada de forma agrupada (denominada
unitização) e isso é realizado com páletes e contêineres, chamados de equipamentos aeronáuticos (Unit Load Devices – ULD), especiais para esse modo, de acordo com Keedi (2010).
O pálete construído em liga de alumínio, em geral 224 x 264 cm, é usado comumente para servir de base à carga aérea e utilizado, frequentemente, em combinação com uma rede e, eventualmente, com capa de material plástico, formando um conjunto solidário, pronto para carga de avião ou manuseio nos aeroportos.
Despesas Aeroportuárias
No transporte aéreo existem despesas que não ocorrem nos outros modos e o custo do frete
representa apenas o transporte da carga, não incluindo outras despesas existentes antes do seu recebimento e após a sua chegada ao aeroporto de destino, de acordo com Keedi (2010).
As principais tarifas aéreas também variam, ou seja, para cada situação o valor pode mudar.
De acordo com Rodrigues (2010), as tarifas aéreas são as seguintes:
- Tarifa mínima: pequenos embarques, desconsiderando peso ou volume.
- Tarifa normal: aplicável às remessas de até 45 kg. Alguns países utilizam como regra 100 kg.
- Tarifa classificada: aplicada à bagagem desacompanhada, animais vivos, restos mortais, etc.
- Tarifa quantitativa: aplicada conforme o peso do embarque, por faixas (45 a 100 kg; 100 a 300 kg; 300 a 500 kg, acima de 500 kg), diminuindo o valor proporcionalmente do frete na medida em que o tamanho do lote aumenta. Geralmente é mais barata do que a tarifa normal.
- Tarifa específica: aplicável apenas a certos tipos de mercadorias, regularmente transportadas entre pontos específicos de uma determinada rota.
- Tarifas governamentais: com base exclusivamente em acordos bilaterais.
- Tarifa rpn: tarifa aplicada ao transporte noturno do Correio (Rede Postal Noturna).
- Tarifa reduzida: aplicável aos jornais, livros e revistas, equipamentos médicos e/ou ortopédicos etc.
- Tarifa expressa: aplicável aos pequenos lotes ou em casos urgentes. São bastante orenosas.
Frete
De acordo com Keedi (2010), as peculiaridades mais especiais do transporte aéreo são as suas cotações e cálculos de frete. Algumas de suas características:
- O frete não é cotado por peso ou cubagem, por exemplo, tonelada ou metro cúbico como transporte marítimo, mas apenas por peso e com a utilização da unidade quilo.
- Apesar de ser cotado apenas pelo peso, ele é calculado e cobrado sobre peso ou volume, utilizando-se uma fórmula para o cálculo.
- O transporte aéreo estabelece que cada quilo de carga deve corresponder no máximo a 6.000 cm3 l de espaço ocupado na aeronave e se ela ocupar espaço maior, o frete será calculado pelo volume.
- O frete é pago sempre pelo maior valor obtido.
- Para saber o que representa mais, se o peso ou o volume, deve-se dividir o volume total da carga (comprimento x largura x altura), ou seja, (C x L x A)/6000.
- As empresas aéreas permitem que diversas cargas do mesmo ou de diferentes embarcadores sejam agrupadas para perfazerem uma quantidade maior, tanto em peso quanto em volume, de modo a serem enquadradas em uma faixa de peso maior para cálculo do frete, o que possibilita uma redução no preço por quilo. Essa operação é chamada de consolidação de carga, que nada tem a ver com a unitização.
- Com o frete menor pago pela consolidação, o agente pode barateá-lo para cada um dos seus embarcadores, praticamente no nível pago pela carga total, retendo para si uma parcela em remuneração pelo seu trabalho e pelo favorecimento a todos os embarcadores.
- Essa é uma situação diferente, em que a inclusão de um terceiro na operação (o agente consolidador de carga) pode baratear o frete ao invés de aumentá-lo.
*Conheça mais sobre os modais de transporte no Brasil acessando: www.transportes.gov.br e www.infraero.gov.br
Anuário Exame Infraestrutura 2012-2013. Setores Transportes, Rodovias. São Paulo: Abril,outubro, 2012.
KEEDI, Samir. Transportes, Unitização e Seguros
Internacionais de Carga. São Paulo: Aduaneiras,2010.
RODRIGUES, Paulo Roberto Ambrósio. Introdução ao sistema de
transporte: no Brasil e à logística internacional. 3. ed. São Paulo:
Aduaneiras, 2010.
Imagens: Google
INFRAERO. Disponível em: www.infraero.gov.br.
Aero Magazine: Disponível em: www.aeromagazine.uol.com.br
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